O Algoritmo COMPAS: O Que É e Como Afeta a Justiça

A tecnologia está cada vez mais presente em vários aspetos das nossas vidas, desde a forma como nos conectamos até a maneira como tomamos decisões. Uma dessas tecnologias é o algoritmo COMPAS, que foi projetado para ajudar no sistema de justiça criminal. Mas, como muitas inovações, ele não está isento de controvérsias. Por isso, hoje vamos explorar o que é o COMPAS, como ele funciona e as implicações que tem para a justiça.

Espelho refletindo uma pessoa atrás de uma folhagem verde, criando um contraste intrigante entre o reflexo e o ambiente natural.

A Minha Primeira Reação ao Ouvir sobre COMPAS

Quando ouvi falar pela primeira vez sobre o algoritmo COMPAS, não sabia exatamente o que esperar. Como muitos, achei que ele fosse uma ferramenta moderna e eficiente, capaz de auxiliar as autoridades a tomar decisões mais justas e precisas. No entanto, ao aprofundar o tema, comecei a perceber que as coisas não eram tão simples assim. O COMPAS não é uma ferramenta neutra e imparcial, como se pensava inicialmente, e isso gerou muitas discussões.


O Que É o Algoritmo COMPAS?

O COMPAS (Correctional Offender Management Profiling for Alternative Sanctions) é um algoritmo desenvolvido para prever a probabilidade de um indivíduo cometer crimes no futuro, com base na sua história criminal e outros dados pessoais. Ele é usado principalmente no sistema judicial dos Estados Unidos para avaliar o risco de reincidência de detidos e auxiliar na decisão sobre a sua liberação condicional ou penas a serem aplicadas.

De maneira simples, o COMPAS é uma ferramenta de “previsão” que tenta calcular, com base em dados passados e comportamentais, a probabilidade de um indivíduo voltar a cometer crimes. O objetivo é ajudar juízes e outros profissionais da justiça a tomarem decisões mais informadas, baseadas em dados, em vez de julgamentos puramente subjetivos.


Como Funciona o Algoritmo COMPAS?

O COMPAS não faz previsões sobre se uma pessoa vai cometer um crime, mas calcula a probabilidade de um indivíduo reincidir com base numa série de variáveis, como antecedentes criminais, comportamento social, idade, etnia, entre outros fatores.

Esses dados são usados para gerar uma “pontuação de risco”, que vai de 1 a 10, indicando a probabilidade de reincidência. Um número mais baixo sugere menor risco, enquanto uma pontuação mais alta indica maior risco. Com base nessa pontuação, juízes, advogados e outros profissionais do sistema judicial podem tomar decisões, como determinar a liberdade condicional ou a pena de um réu.

As Controvérsias e Preocupações com o COMPAS

Apesar das boas intenções por trás do COMPAS, muitos especialistas e defensores dos direitos civis levantaram questões sérias sobre a sua precisão e imparcialidade. Um dos maiores problemas é o viés racial presente nos algoritmos, que tem sido amplamente debatido. Estudos mostram que o COMPAS tende a super estimar o risco de reincidência de indivíduos negros e subestimar o risco de indivíduos brancos.

Em 2016, o ProPublica, uma organização de jornalismo de investigação, publicou um estudo que revelou que o algoritmo COMPAS foi significativamente impreciso, principalmente no que diz respeito a suas previsões sobre a reincidência de réus negros. Os resultados mostraram que os negros eram rotulados com uma pontuação mais alta, mesmo quando as evidências indicavam que eles tinham menos chances de cometer novos crimes. Isso gerou um debate intenso sobre como os algoritmos podem perpetuar preconceitos existentes na sociedade.


O Perigo de Dependermos de Algoritmos para Tomar Decisões Importantes

A utilização do COMPAS no sistema de justiça tem um impacto direto nas vidas das pessoas. Quando um algoritmo tem um viés embutido, ele pode ter consequências graves para a justiça, tornando-a mais desigual. Não podemos esquecer que, embora esses algoritmos se baseiem em grandes quantidades de dados, eles ainda são criados por seres humanos, com todas as suas falhas e preconceitos.

O uso de algoritmos no sistema judicial deve ser tratado com cautela, especialmente quando se trata de decisões que afetam a liberdade e o futuro das pessoas. Afinal, a justiça não pode ser apenas uma questão de números, mas também de humanidade e compreensão.


Alternativas ao COMPAS: Buscando Soluções Mais Justas

Embora o COMPAS seja uma ferramenta amplamente utilizada, muitas vozes estão a favor de alternativas que sejam mais transparentes e justas. Algumas sugerem a criação de algoritmos que não dependam de dados históricos sobre crimes, já que esses dados podem refletir os preconceitos existentes na sociedade. Outras opções incluem a utilização de sistemas que envolvam mais a comunidade, com a participação de juízes, advogados e especialistas em direitos humanos, para garantir que as decisões sejam mais justas e equitativas.


O Que Podemos Aprender com o COMPAS?

O algoritmo COMPAS ensina-nos que, embora a tecnologia tenha o potencial de melhorar diversos aspetos das nossas vidas, também precisamos ter cuidado ao depender de sistemas automatizados para decisões tão críticas quanto aquelas que envolvem a liberdade e a dignidade humana. A verdadeira questão não é se devemos ou não usar algoritmos, mas como podemos garantir que esses sistemas sejam justos, transparentes e livres de preconceitos.


O que pensam sobre a utilização de algoritmos no sistema judicial? Partilhem comigo nos comentários! E não se esqueçam de seguir o nosso blog no Instagram para mais conteúdos sobre tecnologia, justiça e sociedade.

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